segunda-feira, 28 de julho de 2008

4 meses, 3 semanas e 2 dias

4 meses ,3 semanas e 2 dias
Poderia ser apenas mais um filme sobre o tema do aborto, mas acaba por mostrar de modo contundente conflitos que ocorrem no percurso de um aborto ilegal e a amizade entre duas garotas.
A dúvida entre fazer ou não aborto não está em questão. Quando o filme começa já está tudo decidido e planejado para que o aborto seja realizado naquele dia. A personagem principal, que não é a gestante, sai da moradia de estudantes ,onde mora com a colega e começa a fazer tudo que havia combinado, mas nada parece dar certo. O hotel reservado não tinha quarto, o outro hotel cobrou mais caro e o “profissional” realizador do aborto ficou muito nervoso ao saber que a jovem mandara outra em seu lugar para se encontrar com ele. Com tudo isso, o filme já se torna tenso, com a personagem contornando todas as dificuldades para que o aborto de sua amiga pudesse ser realizado.
Ao chegar no quarto inicia-se um drama, uma cena forte e constrangedora. O “profisional” extremamente rude e mal intencionado queixa-se de tudo que sua cliente fez de errado e se mostra vacilante em reação a realização do aborto. Quando resolve examinar a moça e descobre que ela está com 4 meses e tinha informado dois ele cria uma situação e se nega a realizar algo desse risco sem ter algo em troca. Ele manipula bem a situação para obter o que quer. Ao perceber que não há outra alternativa, a amiga logo resolve aceitar fazer sexo com aquele homem em troca do aborto, depois dela vai a gestante, após um breve encontro das duas no banheiro, sem palavras.
Acabada a negociação ele inicia os preparativos para o aborto, gazes , luvas , sondas, nada estéril, mas com todo um ritual “profissional”. Rapidamente coloca uma sonda na moça e dá uma série de recomendações , que não ajudariam muito em caso de complicações. Uma das orientações é de jogar o feto em um prédio abandonado, dentro do coletor de lixo.
Após essa tarde, a personagem principal tem que sair para o jantar da mãe de seu namorado. Na casa dele encontra com várias pessoas de bom nível social e conservadoras, que falam e comem sem parar, criticam pessoas mais simples e até a personagem por fumar na frente dos sogros. Esta situação é mostrada em uma cena longa e forte do filme, sem cortes. Neste momento ela demonstra estar muito abatida e arisca aos toques do namorado.
Quando retorna ao hotel, a amiga já abortou e o feto está no chão do banheiro, inteiro, uma miniatura de bebê. Ela o enrola e conforme orientado vai sair e procurar um prédio, mas a amiga pede que ela o enterre. Nova jornada se inicia em busca de um prédio antigo em ruas escuras e om bêbados. Após certo tempo acha um prédio e joga o feto no lixo.
No hotel, encontra a amiga no restaurante, aguardando uma refeição. A amiga pergunta se ela enterrou o feto e ela apenas diz que é melhor nunca mais falarem sobre isso.
A personagem foi sugada e abusada de várias formas e por várias pessoas, principalmente o “profissional” e sua amiga, que embora fosse a mais interessada no aborto, não tinha atitudes e não tomava para si a resolução dos problemas. Em nenhum momento impediu a amiga de transar com o homem ou de se sacrificar por ela, pelo contrário, parecia nunca estar satisfeita e nem a gratidão esperada numa situação desta foi vista. Ela foi forte em todos os momentos e talvez por isso o abuso de suas qualidades tenham ocorrido. A amiga simplesmente esperava dela a solução para tudo, de forma incondicional e ela assim o fez, como uma heroína, que para salvar
os mais fracos arrisca a própria vida. No meio disso tudo, ela questiona o namorado se isso ocorresse com ela, como seria, quem seria o braço forte dela, mas não crê que teria nele um companheiro, está muito decepcionada com as pessoas para isso.

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